A palavra feira, dia santo ou feriado, mostrava na sua fase
inicial a ligação entre o comércio e a religião, pois as pessoas aproveitavam
as festas religiosas para reunirem e trocarem mercadorias. Com o andar dos
tempos tornaram se locais de espaço de cultura popular, trocas comerciais e
muita afetividade, perdendo a matriz religiosa.
Em Arouca ao longo do ano temos sempre várias feiras
mantendo a tradição ainda muito cultivada pelas pessoas em geral de usufruir do
espaço público. Temos 2 feiras mensais com data fixa e apesar de não
representarem aquele dia de festa, como antigamente, é sempre um bonito
pretexto para uma deslocação à sede do Concelho dar uma vista de olhos pelos
artigos em venda, conversar um bocado com os amigos que por lá se vão
encontrando e fazer aquela compra que se andou a adiar para justificar a nossa
presença, mesmo que o preço não seja tão interessante como deveria. E depois
existe uma cumplicidade secreta com um ou outro feirante que guarda aquela
coisa muito especial e que estava esgotada na quinzena passada. Um shopping ao
ar livre sem marcas daquelas que melhoram o status, mas com movimento razoável
e onde se junta o útil ao agradável. Desde há algum tempo a Câmara decidiu
aumentar a oferta turística e começaram a surgir também de 15 em 15 dias, aos
domingos, as feirinhas, junto ao Convento numa fase inicial e agora mais na
entrada da Vila ali ao lado do parque debaixo do olhar da Rainha Santa.
Primeiro muito timidamente para os pequenos agricultores que ainda restam,
terem a possibilidade de escoar e divulgar diretamente os seus produtos, e
depois com alguns artesãos e fabricantes de produtos relacionados com a terra a
juntarem se lhes compondo numa variedade de ofertas, uma amostra do que somos e
do que temos. Têm tido grande sucesso, basta passar e ver a quantidade de
pessoas que por lá andam, com sacos, ou de mãos a abanar que uma feira serve
também para dar um passeio e descansar os olhos da monotonia e cansaço de
muitos dias.
Durante o ano temos mais feiras extraordinárias, o S. Bráz, a
Rainha Santa, as Colheitas, não me lembro de mais nenhuma, e a minha preferida,
a do Natal. Não sei se é diferente porque é Natal, parece tudo mais bonito, ou
se é pelo cuidado com as decorações, com a quantidade de crianças, com os
sorrisos mais simpáticos, ou pela proximidade da data que pelos valores que
anuncia, é pena não durar todo o ano. Quer esteja frio, quer o dia não queira
colaborar e não mostre um pedacinho de sol, quer caia até um pé de água que
obrigue a fazer equilíbrios com os guarda chuvas, tudo tem uma justificação sem
rancores, estamos mesmo na época das doçuras, e nada estraga aquelas horas de
passeio, convívio, uma compra de ultima hora. Até se come um petisco com sabor
da quadra como aperitivo para o que aí vem. E então as crianças acolhem se mais
aos pais, acreditam no colo do Pai Natal, abrem muito os olhos para não
perderem nenhuma luzinha a piscar, entram sem receios naquela casinha
construída para eles e ficam felizes e tristes por só terem Natal uma vez por ano.
A nossa feira de Natal, abrigada ao lado do Convento, não
poderia ter melhor cenário, é sempre um êxito. Este ano repete-se e mostra que
há iniciativas que agradam, com simplicidade e pequenas somas de investimento. O
que é bom não dura sempre. Vamos aproveitar.
Umas boas festas para
todos.