29 de abril de 2020

A Pensar Alto. Confinar... Ter limites, ter confins...

Sinceramente em toda a minha vida nunca tinha empregue esta palavra. Sabia o que queria dizer mas como há sinónimos mais usuais e mais doces, maneiras de dizer, para expressar este isolamento, nunca a tinha escrito. E se calhar nunca a tinha dito. Perdoem a repetição, agora que lhe conheço na prática o significado, vivia bem sem ela. Por estes dias não haverá palavra que todos, nunca mais iremos querer pronunciar esta do confinar. Sabemos agora o que quer dizer ter limites, estar prisioneiro sem ter cometido qualquer crime ou delito, a injustiça a massacrar nos diariamente sem olhar a nada nem ninguém. Cá estamos, quase todos confinados, com dias e dias a passar, assustados com o vazio do futuro à espera de qualquer coisa, qualquer noticia, que nos alegre de novo e nos devolva os dias felizes, assim a modos do alívio quando o mar chega mansinho e refresca o corpo quente do sol. Até lá a maioria confinada, os indispensáveis a trabalhar todos com as suas e nossas prioridades, todas importantes e fundamentais. Nós os confinados, os mais velhos, e aqueles cujas atividades foram interrompidas, cá estamos a apreciar os dias mais longos, as horas sem fim, a arrumar pensamentos que muitos tínhamos esquecido mas voltaram com este repouso, tentando  não perder de vista o mundo, o de longe e o de perto e cada vez mais habituados e aperfeiçoados com as novas formas de comunicação. Sempre a resistir e ver se passamos despercebidos ao inimigo invisível. E nem tudo é mau. Descobri, melhor recordei, p.ex. que somos um povo fantástico. Do dia para a noite e através das redes sociais o que não faltam são entendidos em gráficos, em picos, em planaltos e quejandos. Descobrem se maquinações terríveis vindas do Oriente, problemas matemáticos são canja, todos sabem cozinhar bolos e doces com esmero, em relação ao presente soluções não faltam, pena não poderem ir todos para o Governo, criticas nascem a rodo, e do futuro então todos traçam um cenário, os do poder, meio côr de rosa, os da oposição moderada um pouco mais negro e os outros catastrófico que isso dá sempre audiência, nada como antever sofrimento e pesadelos. Alguns e como não tem havido futebol, impossibilitados que estão de ir para os campos insultar os árbitros e quem lhes apareça pela frente, insultam quem transmite as noticias, quem escreve opiniões que vão contra os seus interesses, e por dá cá aquela palha, com erros de ortografia ou frases mais delicadas não fica nada por dizer. O importante é mostrar indignação mesmo sem saber bem contra quê, ou que alternativas se escolhiam e se eram viáveis É tudo incompetente, onde já se viu. A oposição a nível nacional tem andado meio colaborante a ver onde param as modas, não vá vir por aí mais derrotas nas próximas eleições com atitudes que não se esqueçam facilmente nestes tempos de surpresas e de decisões pouco populares. Cá em Arouca a oposição, optou por manter a indignação em alto, para se manter fiel aos aderentes, divulgou as suas propostas fundamentais, quais vacina de ultima hora, num jornal da terra, on line que é mais rápido, com um dente a piscar no fim das páginas que o mais distraído até se assusta com tal aparição. Fiquei na dúvida se é preciso ter dentes para tais propostas, ou se se concretizarem tais intenções ficamos em paralelo com dentes melhorados, sei lá, mensagens sub liminares com certeza de uma publicidade moderna e meio americanizada lá das terras da aberração trumpiana. As propostas eram todas boas, tudo a descer, impostos, águas, e mais. E têm razão, está tudo sobrecarregado, uns mais que outros mas assim ficava tudo mais aliviado. Podiam ter falado na luz, nos seguros e por aí fora mas sabemos bem quem andou a vender as empresas rentáveis para salvar o País e incentivar a iniciativa privada, que isto do Estado nasceu para ter prejuízos e é a dividir por muitos.Mas afinal até isso,as simples propostas deram polémica, são nervos á flor da pele,è do tempo que vivemos. Adiante, anda no ar uma expetativa de que vai tudo acabar bem e que vamos todos aprender a lição do que muito se tem errado. Regressarão os valores propositadamente esquecidos, vamos todos olhar para os outros de uma maneira muito diferente, enfim, há males que vêm por bem. Não estou tão otimista, pelo andar da carruagem antevejo mais do mesmo, no entanto quero esperar para ver as mudanças e quem irão ser os mais penalizados e os mais favorecidos, porque disso vai haver de certeza. Tempos de reflexão, de atuação, pleno de surpresas e decisões das quais podem depender as nossas vidas. A nossa terra tem sido bem dirigida e o nosso País não tem sido dos piores numa Europa bem atingida pela calamidade. Mas claro isto é o meu ponto de vista, sei que muitos não irão concordar porque de conversa está o mundo cheio, e isso pelo menos está na mesma.

Carlos S. Sousa em quarentena.