A identidade de um território apura-se a partir dos seus elementos
físicos, naturais, humanos e sociais, bem como na interacção dinâmica que
ocorre entre esses elementos. Ao considerarmos o território de Arouca e os
elementos da sua identidade autóctone, conclui-se, facilmente, que Arouca está
bem enquadrada em quase todas as suas divisões territoriais, menos numa: o
distrito de Aveiro. Infelizmente.
Arouca devia pertencer ao distrito do Porto. Desde
o início da nacionalidade de Portugal, Arouca pertenceu, com todo o acerto, à Região do
Entre-Douro-e-Minho e à Região Norte, que tinham, como cidade
principal, a cidade do Porto. Também pertenceu à província do Douro Litoral,
que talvez seja a divisão territorial mais adequada para o território mais
vasto onde Arouca se insere e que constitui quase a totalidade do distrito do
Porto, que tinha, como cidade principal, a cidade do Porto. Mas, por paradoxo,
desde 1835, Arouca foi inserida, de modo errado, no distrito de Aveiro, à
semelhança daquilo que aconteceu com outros municípios que nada têm que ver com
Aveiro, como Santa Maria da Feira ou Espinho, para darmos mais dois exemplos!...
Esta é, de facto, uma grave lacuna, em termos administrativos, do concelho de
Arouca, já que o espaço urbano principal de referência de Arouca e dos Arouquenses sempre foi a cidade do Porto/Grande Porto, não apenas pelo facto de
estar próximo, mas pelo facto do território identitário de Arouca se inserir
nas divisões territoriais identitárias mais vastas protagonizadas pelo Porto e
pela Região Norte.
Área da província do Douro Litoral |
Assim, Arouca, de facto, nada tem que ver, nada mesmo tem que ver, com Aveiro. Nada. Por essa razão, Arouca pertence à Região Norte, enquanto Aveiro pertence à Região Centro. Por essa razão, Arouca pertence à Área Metropolitana do Porto, enquanto que Aveiro pertence à Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro. Por essa razão, Arouca pertenceu à província do Douro Litoral, enquanto que Aveiro pertenceu à província da Beira Litoral. Por essa razão, Arouca pertenceu ao Entre-Douro-e-Minho, enquanto que Aveiro pertenceu à Beira, no contexto da primeira divisão territorial do Estado português.
Numa altura em que Arouca vence a distinção nacional de ‘Município do Ano 2018’, bem como, pela segunda vez, vence na categoria regional da Área Metropolitana do Porto (área metropolitana que tem, como vice-presidente da direcção do Conselho Metropolitano, a actual presidente da câmara municipal de Arouca), é necessário que todos os Arouquenses, bem como as várias instituições públicas e privadas do concelho de Arouca, congreguem esforços permanentes para reforçar, cada vez mais, de modo adequado, em termos administrativos e identitários, esse «espaço natural de sempre de Arouca e dos Arouquenses», com o vínculo e o reforço das instituições de Arouca às instituições de âmbito mais geral protagonizadas pelo Porto e pela Região Norte. A Área Metropolitana do Porto é a principal porta de entrada, via terrestre, via ferroviária, via aérea, via marítima e via fluvial, de acesso ao concelho de Arouca, que se localiza em plena Bacia Hidrográfica do rio Douro. Esse enquadramento deve ser muito vincado, para que, quer os residentes quer as pessoas exógenas, fiquem bem conscientes da identidade territorial de sempre do concelho de Arouca, cujo território mais vasto é, como sempre foi, protagonizado pelo Porto e pela Região Norte.
Os bons elementos de uma identidade autóctone, como bem sabem os economistas e os sociólogos, são um meio poderoso de valorização económica de um território que, por sua vez, contribui para aumentar o bem-estar dos cidadãos residentes.