5 de junho de 2021

A Pensar Alto! Penso, logo existo...

O interior do nosso País está repleto de pequenos lugares de nomes variados, alguns dão até a impressão de largo futuro, outros nem por isso. Mas uns e outros tirando o pormenor dos nomes são semelhantes, as mesmas queixas repetidas vezes sem conta, a esperança resignada de que até o fácil é absurdamente difícil e o mesmo olhar para os dias futuros, sem brilhos e a esconder a tristeza. Arouca não foge à regra e tem também alguns desses exemplos que de tanto nos entrarem pelos olhos já nem exemplos são. Um destes dias, se calhar hoje, por acaso fui até Penso. Penso é um lugar que todos os habitantes da Vila ou arredores, se não conhecem já ouviram falar porque é muito próximo da Vila. É um pequeno lugar com uma mão cheia de casas e talvez a mesma mão cheia de moradores, deitado numa pequena encosta entre a zona industrial e Figueiredo, pertinho da Vila, mas não lhe consegue deitar a vista, parece escondido entre o arvoredo e recebe apesar disso o sol bem de frente. Penso, nome algo estranho, tem uma estradinha estreita que, e disso pode gabar se, entra por um lado e sai pelo outro, qual variante de uma importante zona urbana. Terrenos de cultivo agrícola apertados pela floresta, mas a imporem a diferença. Tem os seus terrenos agrícolas bem cultivados, tem árvores de fruto com boa cara e muitos sabores, todo o tipo de novidades que as saladas não dispensam, o gado de criação que qualquer zona agrícola tem que mostrar a todos, tem tudo o que os moradores que por lá vivem conseguem rentabilizar com o mesmo trabalho dos seus pais e outros antepassados. Uns já foram fora olhar para outros Países e melhorar a vida, e agora regressaram, outros conseguiram ficar e pelo muito trabalho ter êxito, outros vão lá dormir e descansar de ocupações diferentes, mas que merecem também o conforto do descanso num local tão tranquilo. Gentes que não desistem. Penso, tão pertinho da Vila que serve de referência, não tem saneamento, verdade, pela estradinha não pode passar nem sei porquê, e pelos campos agrícolas a máquina que perfura os solos não passa, de água, da que salta tratada pelas nossas torneiras, cada um tem a sua, de mina ou poço, O estranho disto é que serve de leito para as condutas que a levam para os que a podem ter canalizada pelo vale e outras terras, mas por estranho que pareça fica por aí este pequeno luxo que para muitos de tão banal nem isso é. Tão perto e tão longe. A pequena e apertada estrada é invadida pela abundante vegetação e tem momentos que até parece andar mos por longe numa floresta das que vão desaparecendo. Tem carências que muitos lugares podem gritar também como suas, tem imensas reclamações a cair em saco rôto, mas os seus habitantes vão mantendo o mesmo amor pela terra que é o seu lar, que nos deixa surpreendidos com a paciência e as expetativas de muitos Portugueses. Recebemos dos nossos passados um País e uma terra muito diferente da que vamos deixar ficar para os futuros, e como os dias vão continuando é impossível emendar o muito que se estragou e deixou estragar, sem ter uma justificação coerente e digna. O que será da nossa terra sem estes pequenos lugares com gentes que nos enchem as dispensas, gentes que não perdem tempos em engarrafamentos, gentes sem horários, gentes que decidiram continuar a lutar cada vez mais quixotescamente para não perder aquele espírito que nos fez há muito tempo já, sermos conquistadores do Mundo e olhar orgulhosamente para todo o lado. Que será de um País e de uma terra em que todos viverão empilhados, abraçados por shoppings e com o lazer num ecrã de tamanho a escolher. Temos que lutar por todos estes pequenos lugares pelo menos para que nos ativem a consciência que apesar de tudo continuamos a percorrer maus caminhos, sei lá que mais. O Interior do nosso País não pode continuar a servir para acumular casas que ninguém habita ou paisagens de silvados imensos atravessados de longe a longe por auto estradas sem destino. O poder político deve assumir de vez as suas responsabilidades e nós eleitores não podemos esquecer e até decidir de uma vez por todas o que queremos para o futuro. De resto é falar para o boneco, e desculpas é o mais fácil de arranjar, o problema é que o tempo não pára e cada dia sem soluções e sem vontade para as admitir é menos um. Apesar de tudo continuo otimista e a aguardar que estes tempos de pós confinamentos que tanto possibilitaram muitas horas de imensos pensamentos e olhares para os lugares mais isolados, terminem os problemas com soluções diferentes do costume. Queremos uma terra saudável e feliz, lutemos por isso. Queremos uma vida como a vida deve ser vivida, por todos, com respeito pelas raízes e ansiosos pelo futuro que só pode ser melhor. Que todos os Pensos deste País sintam que estamos com eles.

A regressar de um pequeno passeio pelo lugar de Penso na freguesia de Arouca, ali pertinho da nossa Vila. E nem é muito distante do tal litoral. Pelo menos desta vez serviu como representante de muitos outros.