Se fim de ano houve em que os votos de bons desejos para o futuro foram sinceros e carregados de esperança, foi neste passado fecho de 2020. Os votos de bom ano transmitiam a esperança dos regressos e a vontade enorme de não nos esquecer mos do que é um abraço, ou até uma palmada nas costas. De beijos e mais afagos nem quero falar. Fomos atravessando estes dias esperando novidades boas e deitando para o ar as novas regras e todos os impedimentos que 2020 de repente nos atribuiu. Será que basta ter esperança? Pelo menos ajuda e sempre é um fator de auto motivação sem grandes pesquisas. E 2020 nem terminou muito mal. A noticia do primeiro passo para a normalização, com as vacinas a abrir todas as portas para o novo velho mundo, a mudança nos E.U.A. com o regresso da dignidade e do respeito social arredados muito temporariamente por um ignóbil arremedo de Presidente que tanto queria perpetuar-se, como se fosse possível manter o embrutecimento sem fim à vista. As preocupações com as mudanças climáticas que os períodos de confinamento trouxeram ao dia a dia, tornaram se mais entendíveis e apressaram a urgência em tentar recuperar dos enormes erros cometidos que se devem evitar repetir a todo o custo, e mais noticias boas foram chegando ao final de 2020 mesmo que as ampliássemos para compensar o rol enorme de noticias horríveis que todos os dias nos apareciam e teimam em aparecer por todo o lado, assim a modos daquele cobertor que apesar de fininho sempre tapa algum do frio nas noites invernosas. E como as autoridades facilitaram lá se passou o Natal e o fim de Ano a fingir normalidades, mas com as sensações de que se iriam arranjar sucedâneos, e a felicidade se bem que mais pequena iria ser compensada com essa intensidade. E lá entramos em 2021 a avistar bem longe o farol, mas a avistar e isso é o que importa. Com a mudança veio o frio, frio antigo que nem todos os anos nos visita mas quando volta obriga a rostos espantados e desenhos com as respirações enregeladas. Frio nos corpos mas calor na alma com o futuro já ali, parecia tão próximo. De repente, ainda não é desta, novo passo atrás e vamos confinar de novo. Desta vez somos já experientes, começam a ganhar se hábitos estranhos e a surpresa inicial é o dia a dia. Importa é prevenir e dar o contributo para quem é obrigado a assumir riscos para sobreviver, afinal pouco sacrifício o nosso, se comparar mos com a maioria. Lá fora, as eleições, desta vez, diferentes, sem campanhas, sem grandes ruídos com candidatos desinspirados, fica o prazer de contribuir para uma escolha que só a democracia consegue. Espero pelo menos que os candidatos que não atinjam a finalidade para que concorrem, não façam birras, nem ameaças, nem se mostrem adeptos de exemplos que nos aparecem de onde menos se espera. Trumpzinhos há em todo o lado e tristes crédulos vão aparecendo nem que seja para exercitar o ego de quem gosta de viver em situações que lhe permitam dar aqueles passos em que todos fiquem de boca aberta, seja pelo bom ou pelo mau, é igual, logo que não sejam os próprios os prejudicados. Alguns têm umbigos muito sensíveis. De resto, para desanuviar, este confinamento que se inicia por estes dias nem deveria ter esse nome, é assim a modos de uma recolha voluntária para quem quer e pode. Vamos ver os resultados e já temos dois para esperar, as eleições e o confinamento. Neste primeiro dia, dia claro, frio mas com muito sol que aproveitamos para aquecer as emoções e os desânimos. Continuamos a pensar que no fim, bem ou mal alguma coisa se há de arranjar. Fica a esperança, esta é mesmo a ultima coisa a morrer. Em confinamento II.