foto: Manuel Cruz |
Há empreendimentos que muito antes de nascer parecem
destinados a ter sucesso. É este o caso. Em Arouca, ali perto dos famosos Passadiços
do Paiva, a atravessar duas montanhas que até agora só se olhavam de longe, a
sentir aquela vertigem de quem gostava de voar muito alto e no fundo sempre
olhou para os pássaros com inveja, a contemplar um rio que desce por uma
encosta escorregadia colorida por salpicos sem côr, com esforços
impotentes para abrandar o ímpeto daquelas águas claras que só se tranquilizam
lá para os lados do Vau, vamos ter uma ponte, uma espécie de grande pássaro sem
asas que nos pode transportar e deixar ver o que só nos sonhos em que voamos
bem alto, conseguimos. Vamos ter tudo isto e de pés assentes.Com uma ponte, e logo com a
maior ponte do mundo. O tempo foi passando, as dificuldades foram aparecendo,
todos sabemos como são as obras neste País, mas quando existe aquela vontade de
terminar e cumprir o projeto que de tão estranho causa invejas e maus olhados
confirma se que a fé move montanhas ou desta vez a fé constrói pontes, e bem
compridas. Finalmente e ultrapassados prazos, e despesas acrescidas parece
finalmente começar a ver se a estrutura simples e elegante em que muitos vão
gritar de emoção, outros mesmo de mêdo e outros vão deixar os olhares
substituir os pés e de longe ainda se vai conseguir ter aquele friozinho que
alguns chamam de adrenalina e outros de cagunfa, fica à escolha. Bem sei que as
verbas envolvidas poderiam se canalizadas para outras coisas, carências
encontram se de modo avulso, mas qualquer responsável politico deve saber encarar o risco e
enfrentá-lo depois de ponderar o indispensável. Os caminhos fáceis ás vezes
conduzem nos a marasmos e águas paradas e nós sinceramente admiramos o rafting
e o ruído de águas bravas que sempre se movimentam. Estamos ansiosos por ver a
obra terminada. A nossa ponte vai ficar na história e nós só por isso, como a
vimos crescer, como vimos as discussões de quem avalia o futuro, como
antecipamos as imagens de quem com os olhos a rebentar de surpresa põe o pé,
enche os pulmões e se precipita quase para o vazio, também estamos nesta
história. Para além de tudo pressentimos
que vem aí mais uma onda de entusiasmo, as nossas ruas vão continuar a estar
repletas, o turismo vai continuara a crescer e com isso os benefícios para
todos. Bem sei que isso não será o suficiente mas havemos de provar aos mais
descrentes que apesar de sermos poucos e ter mos pouco peso politico lá nos
corredores do poder, ninguém vai querer ficar fora desta história e pode ser
que nós e todo o interior melhore as condições de vida, desde os acessos aos
empregos e ao essencial que ainda falta e que todos tenham finalmente igualdade
de tratamento, é só isso. Esperemos que esta ponte tão arrojada una muito mais
que dois pontos lá nos altos de Canelas, esperemos que una também um País
pequeno, próximo e ao mesmo tempo distante e desigual. Venha a Ponte.