14 de março de 2020

Covid-19: a pandemia do nosso tempo

Está aí, em evolução, a pandemia do nosso tempo. Ou seja, o surgimento de uma doença com propagação geográfica internacional muito alargada e simultânea. Em 12 de Março, estavam confirmados mais de 153.000 casos, em cerca de 150 países, com maior propagação na China (mais de 80.000 casos), em Itália, Irão e Coreia do Sul. Nessa data tinham já morrido cerca de 6.000 pessoas (cerca de 3.200 na China), embora se considerassem já cerca de 72.500 pessoas curadas.

No dia 2 de Março foi confirmado o primeiro caso em Portugal. Trata-se de um médico de 60 anos, regressado de Itália, onde o surto irradia actualmente com proporções avassaladoras, tendo já dizimado 1266 pessoas, 250 das quais num só dia. Nesta altura estão confirmados 169 casos de infecção, tendo sido registados 1.704 casos suspeitos desde o início da epidemia, estando já, no entanto, mais de 5.000 pessoas sob vigilância das autoridades de saúde.


A causa deste surto não está ainda definitivamente estabelecida, embora a doença tenha sido identificada pela primeira vez na China, em Wuhan, Hubei, no dia 1 de dezembro de 2019, num grupo de pessoas que comerciavam no Mercado de Frutos do Mar de Huanan, onde também se vendiam animais vivos, como pangolins, morcegos e cobras, num dos quais se poderá ter desenvolvido o parasita ou bactéria que depois passou a infectar os humanos. Não se sabe, no entanto, se foi aí que teve origem ou se foi apenas aí que se identificou o primeiro caso, podendo Wuhan ter sido apenas um local e evento de maior difusão.

De resto, tal como aconteceu com a conhecida Peste Negra, que teve o seu auge entre 1343 e 1353, mas que, por cá, nunca se conseguiu erradicar em definitivo até ao século XVIII, pelo que se fala dela ainda hoje como se dela houvesse ainda memória. Foi efectivamente uma das pandemias mais devastadoras da história, tendo resultado na morte de cerca de 75 a 200 milhões de pessoas na Europa e na Ásia, estimando-se que tenha mesmo dizimado pelo menos um terço da população do continente europeu. A doença foi então causada por uma bactéria transmitida aos humanos através de pulgas e ratos-pretos, que, como está bom de ver, se revelaram um foco de enorme propagação e difícil eliminação.

É, pois, também agora, importante saber a origem e forma de transmissão ao ser humano, para que se consiga um tratamento eficaz e se erradique em definitivo este flagelo do nosso tempo.

No entanto, enquanto isso não acontece, e de forma a prevenir a infecção, a Organização Mundial de Saúde recomenda que se lavem as mãos com regularidade e se protejam boca e nariz ao tossir e espirrar, e, mais importante do que tudo, se evite o contacto próximo com alguém que mostre sintomas de doença respiratória (como tossir e espirrar). Ou seja, as recomendações para ficar em casa, são mais propriamente para evitar a concentração e contacto físico de pessoas.

Por outro lado, mostra-se muito prudente evitar a desinformação, fazendo uma selecção de fontes de notícias de organismos, entidades e instituições credíveis, nomeadamente, da Direcção Geral de Saúde e do Governo (das quais, mais do que nunca, se reclama que sejam verdadeiras nos números e nas previsões), de forma a que cada um de nós possa proceder em conformidade com esses cenários e instruções, cabendo-nos também evitar derivas, desorientações, irresponsabilidades e egoísmos, que possam prejudicar ou agravar a situação de pessoas mais indefesas, incautas ou desprevenidas.

Trata-se, com efeito, de uma luta de todos, contra um inimigo que não é nenhum de nós. Devemos, pois, defendermo-nos uns aos outros para um combate mais eficaz. Para já, evitarmo-nos, pensando em todos, é apenas o que se pede.