Não sendo uma realidade de que se fale muito, os cemitérios (e, mais recentemente, também as casas ou capelas mortuárias) - que em Arouca têm um asseio assinalável - são das mais importantes obras levadas a cabo pela câmara, respectivas juntas e paróquias. E, para além de serem os locais onde acaba a história terrena de cada um e onde, por cada um, nos deslocamos frequentemente, os cemitérios também têm a sua própria dimensão histórica e social. Um dimensão que nos diz sobre o passado, presente e, necessariamente, sobre o futuro. Uma dimensão que, no entanto, ainda que se perceba, tem ficado de fora dos estudos e relatórios sociais. Talvez por ser uma realidade de que, até familiarmente (ainda que mal, porque frequentemente eivada de pressas e comoções), só se fala quando tem mesmo que se falar.
Esse também um dos motivos, de resto, para que os cemitérios - terrenos murados, Campos Santos ou Sagrados -, tal como os conhecemos hoje, tenham sido motivo de grande oposição popular, controvérsias, revoltas, tumultos e, por fim, sucessivos e prolongados adiamentos. Com efeito, tendo sido uma das primeiras imposições do liberalismo, logo nos anos trinta do século XIX, a sua implementação arrastou-se até aos finais desse mesmo século e, em alguns casos, até ao século seguinte.
Como por todo o país, mormente no norte e interior, também foi assim entre nós. A mais do que anunciada, mas depois repentina e abrupta proibição definitiva dos enterramentos no interior das igrejas, originou também por cá inúmeros e inquietantes episódios de enterramentos às escondidas, nas capelas de instituição particular ou em cemitérios improvisados. O que aconteceu em todas as freguesias até que, finalmente, estivessem prontos os respectivos cemitérios.
Tal como os conhecemos hoje, em Arouca, os cemitérios (mais antigos) não têm mais de cento e quarenta anos. O mais antigo será o de Fermedo, já a funcionar em 1875. Depois terá sido o de Santa Eulália, em Setembro de 1884; a que se seguiu o de Arouca, em Agosto de 1886; o do Burgo, em Maio de 1887; o de Chave, em Janeiro de 1889; o de Moldes, em Abril daquele mesmo ano; o de Rossas, em Fevereiro de 1890; o de Tropeço, em Janeiro de 1891; o de Canelas, em Janeiro de 1897; o de Alvarenga, pouco antes de 1902; o de Mansores, em Junho de 1903; o do Merujal, Urrô, em 1905; o de Urrô, em Agosto de 1906; o de São Miguel do Mato e o de São Martinho da Espiunca, em Junho de 1910; e o de Várzea, em Novembro daquele mesmo ano. Escariz, em 1911, ainda não tinha terreno murado para o efeito.
Em muito menos de cento e quarenta anos, quase todos eles mais do que quadruplicaram a área das respectivas igrejas e adros circundantes, onde até então e durante séculos se inumaram os nossos antepassados. Nos últimos quarenta anos, a grande maioria dos cemitérios sofreu obras de ampliação e, em quase todos eles, se ocupou já mais de metade do novo espaço disponível. Para isso contribuiu, desde então, um aumento significativo da população em todas as freguesias, que, regra geral, tem estado a diminuir nestes últimos anos. Alguns cemitérios estão já sobrelotados e outros para lá caminham, alguns dos quais sem espaço adjacente por onde crescer. O que em todo o caso - exceptuando desejos e vontades próprias, que se devem respeitar - não é um problema muito grave, dado o princípio imposto aos demais cemitérios em se disponibilizarem a receber cadáveres de pessoas de freguesias vizinhas, onde os respectivos já não tenham espaço. No entanto, é um ponto a que não se deve chegar.
Por fim, entre outros aspectos, deve merecer atenção especial por parte das freguesias, que ainda não os possuem, a criação e aprovação de regulamentos de funcionamento e utilização dos cemitérios e casas mortuárias. Pois, pese embora haja suficiente legislação sobre estas matérias; controvérsias, conflitos e até litígios relacionados com a "aquisição" de terreno e jazigos, posse, "propriedade", abandono e extinção de jazigos e sepulturas, não são já caso raro. Situações que, como está bom de ver, assumem também uma dimensão espiritual e emocional, que se pode e deve evitar.
Esse também um dos motivos, de resto, para que os cemitérios - terrenos murados, Campos Santos ou Sagrados -, tal como os conhecemos hoje, tenham sido motivo de grande oposição popular, controvérsias, revoltas, tumultos e, por fim, sucessivos e prolongados adiamentos. Com efeito, tendo sido uma das primeiras imposições do liberalismo, logo nos anos trinta do século XIX, a sua implementação arrastou-se até aos finais desse mesmo século e, em alguns casos, até ao século seguinte.
Como por todo o país, mormente no norte e interior, também foi assim entre nós. A mais do que anunciada, mas depois repentina e abrupta proibição definitiva dos enterramentos no interior das igrejas, originou também por cá inúmeros e inquietantes episódios de enterramentos às escondidas, nas capelas de instituição particular ou em cemitérios improvisados. O que aconteceu em todas as freguesias até que, finalmente, estivessem prontos os respectivos cemitérios.
Tal como os conhecemos hoje, em Arouca, os cemitérios (mais antigos) não têm mais de cento e quarenta anos. O mais antigo será o de Fermedo, já a funcionar em 1875. Depois terá sido o de Santa Eulália, em Setembro de 1884; a que se seguiu o de Arouca, em Agosto de 1886; o do Burgo, em Maio de 1887; o de Chave, em Janeiro de 1889; o de Moldes, em Abril daquele mesmo ano; o de Rossas, em Fevereiro de 1890; o de Tropeço, em Janeiro de 1891; o de Canelas, em Janeiro de 1897; o de Alvarenga, pouco antes de 1902; o de Mansores, em Junho de 1903; o do Merujal, Urrô, em 1905; o de Urrô, em Agosto de 1906; o de São Miguel do Mato e o de São Martinho da Espiunca, em Junho de 1910; e o de Várzea, em Novembro daquele mesmo ano. Escariz, em 1911, ainda não tinha terreno murado para o efeito.
Em muito menos de cento e quarenta anos, quase todos eles mais do que quadruplicaram a área das respectivas igrejas e adros circundantes, onde até então e durante séculos se inumaram os nossos antepassados. Nos últimos quarenta anos, a grande maioria dos cemitérios sofreu obras de ampliação e, em quase todos eles, se ocupou já mais de metade do novo espaço disponível. Para isso contribuiu, desde então, um aumento significativo da população em todas as freguesias, que, regra geral, tem estado a diminuir nestes últimos anos. Alguns cemitérios estão já sobrelotados e outros para lá caminham, alguns dos quais sem espaço adjacente por onde crescer. O que em todo o caso - exceptuando desejos e vontades próprias, que se devem respeitar - não é um problema muito grave, dado o princípio imposto aos demais cemitérios em se disponibilizarem a receber cadáveres de pessoas de freguesias vizinhas, onde os respectivos já não tenham espaço. No entanto, é um ponto a que não se deve chegar.
Por fim, entre outros aspectos, deve merecer atenção especial por parte das freguesias, que ainda não os possuem, a criação e aprovação de regulamentos de funcionamento e utilização dos cemitérios e casas mortuárias. Pois, pese embora haja suficiente legislação sobre estas matérias; controvérsias, conflitos e até litígios relacionados com a "aquisição" de terreno e jazigos, posse, "propriedade", abandono e extinção de jazigos e sepulturas, não são já caso raro. Situações que, como está bom de ver, assumem também uma dimensão espiritual e emocional, que se pode e deve evitar.