No passado dia 6 de Outubro,
realizou-se, em Mondim de Basto, a conferência “Despovoamento e Desenvolvimento”,
sob a organização, entre outros, da Associação Portuguesa de Geógrafos. Nesta conferência foram discutidas
questões relacionadas com a perda de população e o desenvolvimento do interior
do país, na convicção de que esta vasta região afastada do litoral não irá
conseguir atrair mais habitantes nas próximas décadas.
Teresa Sá Marques, coordenadora
científica do Programa Nacional da Política do Ordenamento do Território
defendeu que o caminho que os municípios que sofrem da interioridade devem
seguir passa por se unirem “para ganharem escala” e haver “mais cooperação entre
o urbano e o rural”. Caso tal não aconteça, estes concelhos “dificilmente vão
conseguir igualdade de oportunidades”. João Paulo Catarino, coordenador
da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, defendeu que as
comunidades intermunicipais “são o futuro”.
Arouca, apesar de próxima do
litoral e vizinha de uma comunidade urbana com grande dinâmica económica,
habituou-se desde há muitos anos a ter que lutar contra o fenómeno da
interioridade. E talvez o maior problema da nossa
vila seja mesmo a sua localização. Demasiado próxima de uma malha urbana
litoral com grande dinamismo industrial, que foi absorvendo, ao longo dos anos,
a atenção e o investimento de uma política feita a partir da capital, com foco
predominante num setor secundário que teimosamente não se instalava em Arouca.
Demasiado distante de um interior, olhado por Lisboa como um recurso para a
obtenção de fundos europeus e, por isso, brindado com obras que promoviam o tão
falado e eleitoralmente interessante “equilíbrio territorial”.
Ainda assim, os arouquenses, orgulhosos de
si mesmos e com a certeza do tanto que a sua terra tinha para dar, nunca
desistiram. Acompanhados por uma resiliência extrema, foram lutando e criando
dinâmicas internas fortes, transportando-as para territórios vizinhos, e assim fazendo-se notar. Arouca passou a ser vista como um exemplo a seguir.
Os territórios do Arouca Geopark e
das Montanhas Mágicas, geridos por duas associações sedeadas em Arouca –
Associação Geoparque Arouca e ADRIMAG - que diariamente trabalham no desenvolvimento
dinâmico, sustentado e integrado das regiões que promovem, são nos dias que correm dois
exemplos paradigmáticos daquilo que foi defendido no dia 6 de Outubro em Mondim
de Basto. É, por isso, importante reconhecer
o trabalho que se faz a partir do nosso concelho, desde há cerca de uma década,
e reconhecer igualmente o papel de cada uma das pessoas que, trabalhando nestas
associações, deram e continuam a dar o melhor de si no sentido de superar os
problemas a que uma interioridade forçada obriga. Porque não há organizações
dinâmicas sem colaboradores dinâmicos.
Sem este caminho iniciado há
cerca de dez anos, muito daquilo que se tem conseguido para o nosso concelho, talvez
não tivesse sido possível. Que Arouca continue a ser um bom
exemplo.